O filme “A Sociedade da Neve” foi o grande vencedor da última edição do Prêmio Goya, considerado o “Oscar espanhol”, consolidando-se como um marco na história da premiação. A obra, dirigida por Juan Antonio Bayona, narra a dramática história real dos sobreviventes de um acidente aéreo nos Andes. Com uma performance avassaladora, o longa agora se posiciona como o terceiro filme mais premiado de todos os tempos no Goya, ficando atrás apenas de “Mar Adentro”, com 14 estatuetas, e “¡Ay, Carmela!”, com 13.

O triunfo nas categorias técnicas e o reconhecimento internacional

O domínio de “A Sociedade da Neve” foi evidente principalmente nas categorias técnicas, onde levou prêmios por Som, Direção de Arte, Edição, Efeitos Especiais, Maquiagem e Penteado. O sucesso do filme não se limita à Espanha, já que a produção também concorre ao Oscar de Melhor Filme Internacional, cuja cerimônia ocorrerá em 12 de março, ampliando seu alcance e prestígio no cenário mundial.

As palavras emocionadas do diretor

Juan Antonio Bayona, que recebeu seu quarto Goya como diretor, mas o primeiro na categoria de Melhor Filme, compartilhou a emoção da conquista. “Passamos dez anos ouvindo que este filme não era possível, que um filme em espanhol não poderia ser feito com esse nível de ambição”, declarou. Ele celebrou o sucesso global da produção, que já alcançou a marca de “150 milhões de espectadores na Netflix em todo o mundo”. Bayona ainda traçou um paralelo entre a resiliência dos sobreviventes retratados e o espírito colaborativo do cinema espanhol: “Acredito no cinema espanhol e penso nessas pessoas que estiveram na montanha, abandonadas e dadas como mortas, e conseguiram sair porque trabalharam juntas para fazer o impossível”.

Principais Vencedores do Goya 2024

  • Melhor Filme: “A Sociedade da Neve”

  • Melhor Direção: Juan Antonio Bayona, por “A Sociedade da Neve”

  • Melhor Ator: David Verdaguer, por “Saben Aquell”

  • Melhor Atriz: Malena Alterio, por “Que Nadie Duerma”

  • Melhor Filme Europeu: “Anatomia de uma Queda” (França)

  • Melhor Filme Ibero-Americano: “A Memória Infinita” (Chile)

  • Melhor Filme de Animação: “Meu Amigo Robô”

  • Melhor Roteiro Adaptado: Pablo Berger, por “Meu Amigo Robô”

  • Melhor Roteiro Original: Estibaliz Urresola, por “20.000 Espécies de Abelhas”

  • Ator Revelação: Matías Recalt, por “A Sociedade da Neve”

Cinema holandês resgata o início desconhecido de Vincent van Gogh

Enquanto o cinema espanhol celebra seus sucessos, na Holanda, uma nova produção cinematográfica busca lançar luz sobre um período pouco conhecido de um dos maiores artistas da história. Um filme sobre os primórdios de Vincent van Gogh está sendo rodado na província de Drenthe, na fronteira com a Alemanha, focando em sua decisão de se tornar artista e nos motivos que inspiraram suas primeiras obras, muito antes de pintar seus famosos girassóis e céus estrelados.

“23 Cartas de Vincent”: a história por trás do filme

Aos 30 anos, dividido entre as expectativas da família e sua própria visão de mundo, Van Gogh decidiu se dedicar inteiramente à arte. Esse processo foi documentado em 23 cartas que ele enviou ao seu irmão, Theo, e que agora servem de base para o filme “23 Cartas de Vincent”. O produtor Rob Camies explica que a intenção é criar imagens cinematográficas que pareçam pintadas por Van Gogh. “Não queríamos fazer um filme apenas sobre a figura de Van Gogh, mas também sobre a paisagem, as pessoas que vivem aqui e toda a história ao redor”, afirma Camies.

O cotidiano na tela do artista

Durante sua estadia em Drenthe, Van Gogh buscou retratar o cotidiano sem filtros, focando em camponeses e trabalhadores. Ele pagava alguns florins aos moradores locais para que posassem para seus desenhos, embora eles não se entusiasmassem com o pintor de aparência descuidada. Naquela época, a profissão de pintor não era valorizada, e acredita-se que Van Gogh tenha vendido apenas um quadro em vida.

Nas trilhas de Van Gogh

Entre outubro e dezembro de 1883, Van Gogh viveu na região. A antiga pousada onde ele se hospedou na pequena cidade de Nieuw Amsterdam, que por pouco não foi demolida, hoje abriga o museu “Van-Gogh-Haus”. Embora não possua pinturas originais, a grande atração é o pequeno quarto onde o artista morou, preservado com móveis da época. Danielle van der Ark, guia do museu, conta que Van Gogh foi para Drenthe por recomendação de amigos pintores, que descreviam a paisagem local como “fabulosa” para artistas. Lá, ele esperava encontrar inspiração e outros artistas, como o alemão Max Liebermann.